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Nutrição

Guia Alimentar para a Esclerose Múltipla

01.08.2023

Com a ajuda do CLEO, você aprende como a alimentação e o estilo de vida podem impactar de forma considerável na lentificação ou progressão da esclerose múltipla (EM)

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A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica de natureza inflamatória e autoimune. E você sabia que muitos estudos comprovam que a alimentação e o estilo de vida do indivíduo podem impactar de forma muito considerável na lentificação ou na progressão da doença? Vejamos a cascata inflamatória a seguir:

Dieta Ocidental e Estilo de vida (Gordura animal, carne vermelha, frituras, refrigerantes e açúcares, excesso de sódio, álcool e ultra processados, baixo consumo de fibras alimentares e sedentarismo) levam a concentração de bactérias prejudiciais predominantes na dieta ocidental, resultando na baixa biodiversidade e concentração de bactérias boas - predominantes na dieta vegetariana.

Isso desencadeia a inflamação e alteração na imunidade intestinal e promove o aumento da população de Lipopolissacarídeos (LPS) e na barreira intestinal. Esse processo levará a maior translocação de LPS, peptídeos, proteínas células T e bactérias intestinais na circulação sistêmica. Culminando no aumento da permeabilidade da barreira intestinal, levando por fim a passagem de moléculas e células pro-inflamatórias.

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O principal grupo de alimentos altamente inflamatórios são os alimentos ultra processados, estes alimentos possuem um teor elevado de sal, açúcares e gorduras e por isso são tão perigosos1. Com relação ao açúcar existem muitos estudos que apontam a ingestão de açúcares como um grande fator de progressão de doenças neurológicas como a EM e a neuromielite óptica. Enquanto dietas com baixo teor de açúcares mostraram diminuição de surtos e novas lesões2.

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Consumir de forma regular carboidrato de alta carga glicêmica tem como resultado a hiperglicemia crônica, que, por meio de vários mecanismos, aumenta a produção de radicais livres e pró-inflamatórios citocinas. Como um mecanismo de defesa o corpo irá tentar reduzir o aumento da glicose no sangue, o pâncreas irá secretar a insulina. Portanto, quanto maior a resposta da insulina à alta carga glicêmica carboidratos3. Um outro alimento considerado altamente inflamatório é a carne, sobretudo a carne vermelha. O processo de digestão da carne vermelha gera no nosso organismo um mecanismo pró-inflamatório e quando um indivíduo que já possui uma doença inflamatória a consome o processo acaba sendo mais acentuado e significativamente mais prejudicial4.

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Há também a possibilidade de inflamação crônica ser ocasionada pela ingestão calórica excessiva, principalmente em indivíduos sedentários, o que irá resultar em um aumento do tecido adiposo. O tecido adiposo é um tecido metabólito ativo que contribui diretamente à inflamação crônica através da liberação de citocinas pró-inflamatório. Uma série de alterações pró-inflamatórias acontecem em resultado do excesso de tecido adiposo no organismo, incluindo aumento de insulina, resistência e ativação do sistema nervoso simpático, dentre outros5. Os alimentos funcionais desempenham a sua funcionalidade devido às substâncias presentes nos mesmos. As mesmas são moléculas e microrganismos que levam a algum benefício na saúde, e aqui no caso da EM, vou comentar com você mais sobre as moléculas e microrganismos anti-inflamatórios que podem melhorar a sua qualidade de vida com esclerose múltipla. A maioria deles atua como antioxidante no seu organismo. De forma sucinta, um composto antioxidante é aquele que atua através da redução do estresse oxidativo no organismo. Para combater essa condição, existem três tipos diferentes de compostos que vou explicar mais a partir de agora para você. Primeiro, existem compostos que conseguimos facilmente adquiridos através da alimentação, como:

  • Ômega 3
  • Vitaminas: Complexo B, D, C, E, A e etc.
  • Carotenoides
  • Micronutrientes: Selênio, zinco, magnésio, manganês e etc.

E já que estamos falando em vitaminas, vejamos algumas indispensáveis para a esclerose múltipla e como elas influenciam beneficamente os portadores:

  • Vitamina C: é talvez o nutriente mais “famoso” quando o assunto é a imunidade, pois a partir de seu eficaz papel como antioxidante, pode levar a neutralização das moléculas que podem agravar quadros infecciosos e inflamatórios no ser humano. Porém, seu papel mais útil não é nem no tratamento de doenças, mas sim na sua prevenção. Ou seja, é mais bem aplicada na prevenção e de preferência, em quantias fracionadas em diversos horários durante o dia. Portanto, tanto para a ingestão de fontes alimentares, quanto para a suplementação, o ideal é que seja realizada de forma fracionada ao longo do dia6.

  • Vitamina D: de certo modo, não é exagero eu afirmar para você que a vitamina D é uma super vitamina, mas que se encontra em déficit em boa parcela da população. Essa vitamina tem um importante papel no organismo humano, principalmente no que se refere ao metabolismo ósseo e a absorção de cálcio, contudo, especialmente nas grandes cidades, com intensa vida urbana e consequente redução da exposição solar. Seu consumo se dá tanto por meio da dieta, como através da exposição solar. Pela alimentação, a mesma pode ser encontrada em alimentos como peixes de águas profundas, fungos comestíveis e gema de ovo, mas geralmente em níveis que não alcançam nem 20% de sua recomendação diária. Sendo assim, os 80% restantes são sintetizados endogenamente a partir da exposição solar. Sempre que possível reserve ao menos cerca de 15 minutos do seu dia para se expor diretamente ao sol, lembre-se: não adianta tomar o sol da manhã, pois para que aconteça a absorção é necessário o sol do meio-dia 7.

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  • Vitamina E: é outra vitamina que pode ajudar tanto na questão de diminuição da inflamação, como na melhora da resposta imunológica e maior resistência a patógenos, através principalmente de seu papel antioxidante.

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A ingestão pode atuar na melhora da imunidade, reduzindo a incidência de infecções e demais complicações atreladas, inclusive ao vírus influenza por exemplo. Via alimentar, alguns dos alimentos que o seu nutricionista pode te indicar em quantidades adequadas com o objetivo de que esses efeitos sejam desempenhados, são o óleo de gérmen de trigo, a semente de girassol, as oleaginosas e a manga8.

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Outro grupo de compostos que merece destaque são os polifenóis, nos quais podem ser divididos em duas classes: flavonóides e não flavonóides. Os polifenóis, além da sua ação anti-inflamatória, podem funcionar como anti-virais e anti-angiogênicos. Os representantes mais conhecidos dessa classe são a curcumina (cúrcuma), a quercetina (cebola, alho e etc), as catequinas (Chocolate, chá verde e etc) e o resveratrol (uva).

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Além disso, outro fator que pode te ajudar a reduzir a inflamação é a adequação do consumo dos prebióticos e probióticos. A diferença principal entre eles é que estes são prebióticos, e prebióticos são nutrientes que servem de alimento para as bactérias que já habitam o seu ambiente intestinal9. Em contrapartida, os probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados na dose correta, conferem benefícios à sua saúde. Ou seja, você pode ter se assustado ao saber que eles desempenham o seu papel dentro de você enquanto estão vivos, porém, fique tranquilo pois eles conferem ao menos um benefício a sua saúde10. E que tal falarmos um pouco sobre alguns alimentos funcionais que podem ser de grande ajuda para a esclerose múltipla?

  • Aveia: apresenta em sua composição química aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas e sais minerais indispensáveis ao organismo humano, o que destaca esse alimento em relação a outros cereais. Ademais, outro componente importante da sua constituição é a presença do composto ativo beta-glucana, o que dá a esse alimento o título de funcional.

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  • Cacau: quem não gosta de chocolate, né? Mas vamos com calma. O cacau é um poderoso antioxidante por ser altamente rico em flavonoides que pertencem a ampla classe de fitoquímicos dos compostos fenólicos. Um dos efeitos benéficos à saúde e bastante estudado, é que o consumo regular desse fruto parece estar associado a redução das concentrações de LDL-c, o que é extremamente benéfico para a saúde cardiovascular, além de benefícios para a redução do estresse e melhora do sono. Preste atenção que aqui destaco os efeitos do cacau, não do chocolate como um todo. Os estudos apontam efeitos positivos da introdução do chocolate amargo (>60% de cacau).

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  • Cúrcuma: a cúrcuma apresenta diferentes atividades biológicas devido principalmente à curcumina presente na mesma. Tais potenciais efeitos são: anticoagulante, anti-inflamatória, antioxidante, cicatrizante, neuroprotetora, imunomoduladora, entre outras. Tal potencial decorre do fato dela agir como inibidora da via NF-κB, atuando assim como um agente anti-inflamatório.

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Existem muitas vitaminas e minerais envolvidas no processo de melhora do quadro clínico e diminuição da velocidade de progressão da doença. Logo, nutrientes que realmente precisam estar presentes diariamente na sua rotina alimentar. Mas é preciso lembrar que apesar de termos muitos padrões alimentares benéficos para a EM precisamos levar em consideração que cada EM é individual assim como cada paciente, por isso a individualidade do plano alimentar é tão importante. Espero ter te motivado a melhorar a qualidade da sua alimentação de modo a alcançar todos os seus objetivos e principalmente a compreender que é possível conviver em harmonia com a esclerose múltipla.

  1. MALTA, Deborah Carvalho, et al. Tendências de fatores derisco e proteção de doenças crônicas não transmissíveis na população com planos de saúde no Brasil de 2008 a 2015. Revista Brasileira de Epidemiologia, [S.L.], v. 21, n. 1, p. 80-97, nov. 2018. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1980-549720180020.supl.1. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-790X2018000200406&lng=en&nrm=iso&tlng=en. Acesso em: 27 jul. 2020.
  2. REZAEIMANESH, Nasim et al. The association between dietary sugar intake and neuromyelitis optica spectrum disorder: a case⠳control study. Multiple Sclerosis And Related Disorders, [S.L.], v. 31, n. 5, p. 112-117, jun. 2019. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.msard.2019.03.028. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30978652/. Acesso em: 04 ago. 2020
  3. RICKER, Mari Anoushka; HAAS, William Christian. Anti-Inflammatory Diet in Clinical Practice: a review. Nutrition In Clinical Practice, [S.L.], v. 32, n. 3, p. 318-325, 28 mar. 2017. Wiley. http://dx.doi.org/10.1177/0884533617700353. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28350517/. Acesso em: 12 ago. 2020. 4.YADAV, Vijayshree et al. Low-fat, plant-based diet in multiple sclerosis: a randomized controlled trial. Multiple Sclerosis And Related Disorders, [S.L.], v. 9, p. 80-90, set. 2016. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.msard.2016.07.001
  4. RICKER, Mari Anoushka; HAAS, William Christian. Anti-Inflammatory Diet in Clinical Practice: a review. Nutrition In Clinical Practice, [S.L.], v. 32, n. 3, p. 318-325, 28 mar. 2017. Wiley. http://dx.doi.org/10.1177/0884533617700353. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28350517/. Acesso em: 12 ago. 2020.
  5. COZZOLINO, Silvia M. Franciscato. Biodisponibilidade de Nutrientes. São Paulo: Manole, 2020
  6. COZZOLINO, Silvia M. Franciscato. Biodisponibilidade de Nutrientes. São Paulo: Manole, 2020
  7. COZZOLINO, Silvia M. Franciscato. Biodisponibilidade de Nutrientes. São Paulo: Manole, 2020
  8. RICCIO, Paolo et al. Anti-inflammatory nutritional intervention in patients with relapsing-remitting and primary-progressive multiple sclerosis: a pilot study. Experimental Biology And Medicine, [S.L.], v. 241, n. 6, p. 620-635, 18 jan. 2016. SAGE Publications. http://dx.doi.org/10.1177/1535370215618462
  9. RICCIO, Paolo et al. Anti-inflammatory nutritional intervention in patients with relapsing-remitting and primary-progressive multiple sclerosis: a pilot study. Experimental Biology And Medicine, [S.L.], v. 241, n. 6, p. 620-635, 18 jan. 2016. SAGE Publications. http://dx.doi.org/10.1177/1535370215618462
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